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domingo, 27 de abril de 2014

Estudo alerta para possível déficit de água

Em cinco anos, disponibilidade hídrica diminuiu 7% nessas bacias; já a demanda aumentou 10% no mesmo período

Sabrina Souzasabrina.souza@jcruzeiro.com.br
programa de estágio
Jornal Cruzeiro do Sul - 27/04/2014

Composta por Sorocaba e outros 34 municípios, a região cortada pelos rios Sorocaba e Médio Tietê já apresenta projeções de déficit hídrico, pois a disponibilidade de água nessas reservas diminuiu 7% em cinco anos, diante de um aumento de 10% da demanda por água no mesmo período. É o que constatou o Relatório de Situação dos Recursos Hídricos, estudo elaborado pelo Comitê de Bacias Hidrográficas dos rios Sorocaba e Médio Tietê (CBH-SMT) com base nas tendências de crescimento populacional e de aumento da atividade econômica nessas cidades. 

O índice médio de vazão das reservas das bacias Sorocaba e Médio Tietê (S-MT) - de 10,8% - é classificado como estado de atenção e coloca a região como a terceira mais crítica dentre as 21 unidades paulistas de gestão de recursos hídricos, ficando atrás apenas das bacias do Alto Tietê e dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí. 

"Se continuarmos nesse ritmo, em breve teremos problemas graves de falta de água", alerta Rosângela Aparecida César, representante da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) no CBH-SMT. Realizado com dados oficiais deste órgão e do Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daae), o estudo considera a necessidade diária de 100 a 150 litros de água por habitante, além do número de outorgas de uso da água pela indústria, agronegócio e abastecimento público. 
O documento aponta que as cidades com maior demanda total do recurso são Sorocaba, Itu, Tatuí, Cerquilho e Botucatu - a soma desses cinco municípios equivale a 64,5% da necessidade regional. Destes municípios, o único que não faz parte dos mais populosos é Cerquilho. 

Racionamento

Rosângela lembra ainda que Itu, classificada como uma das cidades com maior déficit hídrico da região, já enfrentou situação de racionamento de água no último verão, quando cinco dos seus reservatórios operaram com apenas 10% de sua capacidade e o último secou completamente. 

Apesar de não estimar até quando haverá água disponível nessas bacias, já que prevê medidas para amenizar a situação, o estudo mostra que a relação entre a demanda estimada e a realizada nos 35 municípios já se aproxima a uma média de 95%, chegando ao limite do uso do recurso nas reservas do S-MT. A necessidade urbana de água destaca-se em relação a outros usos, e as cidades com maior demanda para este segmento são Sorocaba, Itu, Tatuí, Botucatu e Votorantim, equivalendo a 84% do total regional. 

Governador

Segundo o governador Geraldo Alckmin, que esteve ontem em Itu, as cidades que não são abastecidas pela Sabesp contarão com o apoio do governo do Estado, embora ele não tenha ressaltado de que maneira isso ocorrerá. O governador afirmou que o Estado está estimulando o uso racional da água, dando prêmios para quem reduzir o consumo. 
Em São Paulo, a medida teve 76% de aderência do público. Também se adotou a oneração maior do uso da água para quem aumentou o consumo. O governador falou de investimentos no sistema Cantareira. Destacou o aumento no número de reservatórios: dois em Campinas, além de Jaguariúna e Pedreira

Setor industrial

A segunda maior demanda é da indústria, com 78% do recurso desse setor destinado a Cerquilho, Sorocaba, Boituva, Araçariguama e Itu. A quantidade de água direcionada para o setor rural é a terceira maior, sendo que 77% do seu total são para Tatuí, Botucatu, Anhembi, Piedade e Salto de Pirapora. 

"Por conta da falta de água na capital, as indústrias estão migrando para o interior", analisa Rosângela. Apesar do impacto nos recursos hídricos causados com isso, a representante do comitê considera que trata-se de uma atividade essencial para a economia e cabe aos gestores controlar o uso da água. "É necessário a avaliação de quanto e onde pode ser retirado das reservas", comenta. 
Um exemplo é o Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), que será instalado até 2018 em Iperó e usará a água do rio Sorocaba para dissipar o calor gerado em sua torre de refrigeração. No projeto da instalação estão previstas a retirada de 30 litros de água por segundo e a devolução à natureza de 20,3% do material captado, sem danos ao meio ambiente. 

Medidas de controle 

Como se trata de um bem finito, a manutenção da produção da água depende da proteção de suas nascentes e reservas, o que inclui a preservação dessas áreas contra o avanço da urbanização, o tratamento do esgoto devolvido à natureza e metas de despoluição. "A cabeceira dos rios fica em regiões rurais, que sofrem forte pressão do setor imobiliário interessado em explorá-las", justifica Rosângela. Para tanto, o comitê estuda novas ações a fim de mudar as projeções negativas de disponibilidade de água nos rios Sorocaba e Médio Tietê. (Colaborou Anderson Oliveira)

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